A vida só tem um sentido, e o único sentido que a vida tem é quando investimos nossa vida na vida dos outros, ou quando encarnamos a luta dos outros como se ela fosse nossa, a luta do coletivo. Esta é a lida do Promotor de Justiça: lutar pela construção contínua da cidadania e da justiça social. O compromisso primordial do Ministério Público é a transformação, com justiça, da realidade social.



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14 de maio de 2009

Não é só no Brasil não.


Corrupção à inglesa

Lê-se e não se acredita. Dá vontade de promover urgentemente uma subscrição pública capaz de reunir uns quantos trocos para ajudar os deputados ingleses, tanto trabalhistas como conservadores, a chegarem ao fim do mês ainda com algumas libras no bolso. Apetece perguntar: “Império britânico, quem te viu e quem te vê?” Donos de metade do mundo num passado não tão distante, agora pouco lhes falta para descer à rua e estender a mão à caridade dos eleitores. Não é que não tenham o suficiente para comer. Pelo menos que se saiba, não há notícia de que algum deputado ou deputada tenham desmaiado de fome durante um discurso. A coisa ainda não chegou aí. Mas que podemos dizer da deputada Cheryl Gillan que passou à conta do Estado a importância de 87 cêntimos de euro pela compra de duas latas de comida para cães? Ou do deputado David Willetts, que chamou um operário para que lhe mudasse 25 lâmpadas em sua cara, pagando o Estado o trabalho? Ou Alan Duncan, que reformou o jardim à custa do contribuinte? A lista de casos é extensíssima.

O escândalo na Grã-Bretanha está a atingir tais proporções que o primeiro-ministro Gordon Brown se viu obrigado a pedir desculpa em nome da classe política do país, incluindo os partidos, todos eles, perante o gravíssimo descrédito que está a sofrer a reputação dos políticos que abusam do dinheiro público para cobrir as suas despesas como deputados. Realmente há que fazer algo para pôr cobro a esta vergonha, onde não é difícil encontrar sinais de farsa. Eu, por mim, tenho uma ideia: contratar um novo Robin Hood, um que ponha a saque os pobres para que não falte dinheiro aos representantes da nação para as suas despesas miúdas, que em muito casos de miúdas não têm nada, como foi o caso de David Cameron, “leader” dos conservadores, que levou à conta do Estado 92 mil euros gastos na sua segunda residência. Creiam-me, a solução está à vista. A Robin Hood não lhe falta experiência e por enquanto ainda tem boa reputação.

Um comentário:

Anônimo disse...

São Paulo, quinta-feira, 14 de maio de 2009


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CLÓVIS ROSSI

Todos fazem, alguns têm vergonha
SÃO PAULO - Todo político é ladrão, diz a sabedoria popular -e não apenas no Brasil. Lembro até hoje que meu avô italiano resmungava constantemente "piove, governo ladro", sem que eu entendesse o que tinha a ver a chuva com o fato de o governo ser ladrão.
A generalização é injusta, como quase todas. Mas os políticos do mundo todo fazem um baita esforço para dar razão a ela. Pegue-se o que está acontecendo no Reino Unido: faz seis dias, o "Daily Telegraph" publica a versão local do escândalo das "verbas indenizatórias", que tão bem conhecemos.
Os "honoráveis membros do Parlamento" pedem reembolso por gastos em suas segundas casas. Vão de comida para cachorro a filme pornô, passando pelos gastos com a faxina da casa do primeiro-ministro, Gordon Brown (a segunda casa, não a que morava como responsável pelo Tesouro ou como premiê, ambas em Downing Street).
Mas, antes que o brasileiro acomodado e conformista absolva nossos "honoráveis", comparemos reações. Lá, Brown pediu publicamente desculpas em nome de toda a classe política. Aqui, Luiz Inácio Lula da Silva desculpa todos a partir da teoria de que "todos fazem", logo, não há que o condenar.
Lá, o presidente da Câmara dos Comuns disse que os gastos passarão a ser auditados por um organismo independente. Aqui, ataca-se a única e precária auditoria externa, que é a mídia.
Aqui, os pais da pátria acomodam as coisas com a alegação de que não é ilegal o uso, por exemplo, de passagens aéreas, mesmo que seja para parentes etc. Lá, Michael Martin, o Michel Temer deles, diz: "Trabalhar de acordo com as regras não é o único que se espera dos honoráveis membros; é importante que se imponha também o espírito do que é correto".
Trambiques, portanto, há em todo lado. Mas em alguns lados ainda se sente vergonha.

crossi@uol.com.br

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O Ministério Público que queremos e estamos edificando, pois, com férrea determinação e invulgar coragem, não é um Ministério Público acomodado à sombra das estruturas dominantes, acovardado, dócil e complacente com os poderosos, e intransigente e implacável somente com os fracos e débeis. Não é um Ministério Público burocrático, distante, insensível, fechado e recolhido em gabinetes refrigerados. Mas é um Ministério Público vibrante, desbravador, destemido, valente, valoroso, sensível aos movimentos, anseios e necessidades da nação brasileira. É um Ministério Público que caminha lado a lado com o cidadão pacato e honesto, misturando a nossa gente, auscultando os seus anseios, na busca incessante de Justiça Social. É um Ministério Público inflamado de uma ira santa, de uma rebeldia cívica, de uma cólera ética, contra todas as formas de opressão e de injustiça, contra a corrupção e a improbidade, contra os desmandos administrativos, contra a exclusão e a indigência. Um implacável protetor dos valores mais caros da sociedade brasileira. (GIACÓIA, Gilberto. Ministério Público Vocacionado. Revista Justitia, MPSP/APMP, n. 197, jul.-dez. 2007)