A vida só tem um sentido, e o único sentido que a vida tem é quando investimos nossa vida na vida dos outros, ou quando encarnamos a luta dos outros como se ela fosse nossa, a luta do coletivo. Esta é a lida do Promotor de Justiça: lutar pela construção contínua da cidadania e da justiça social. O compromisso primordial do Ministério Público é a transformação, com justiça, da realidade social.



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1 de fevereiro de 2012

As lágrimas do Juiz Garzón


As lágrimas do Juiz Garzón hoje são as minhas lágrimas. Há anos, a um meio-dia, tomei conhecimento de uma notícia que foi uma das maiores alegrias da minha vida: a acusação a Pinochet. Este meio-dia recebi outra notícia, esta das mais tristes e desesperançadas: que quem se atreveu com os ditadores foi afastado da magistratura pelos seus pares. Ou melhor dito, por juízes que nunca processaram Pinochet nem ouviram as vítimas do franquismo.Garzón é o exemplo de que o agricultor de Florença não tinha razão quando, em plena Idade Média, fez dobrar os sinos a finados porque, dizia, a justiça havia morrido. Com Garzón sabíamos que as leis e o seu espírito estavam vivos porque as víamos actuar. Com o afastamento de Garzón os sinos, depois do repique a glória que farão os falangistas, os implicados no caso Gürtell, os narcotraficantes, os terroristas e os nostálgicos das ditaduras, voltarão a dobrar a finados, porque a justiça e o estado de direito não avançaram, nem terão ganho em transparência e quem não avança, retrocede. Dobrarão a finados, sim, mas milhões de pessoas sabem reconhecer o cadáver, que não é o de Garzón, esclarecido, respeitado e querido em todo o mundo, mas o daqueles que, com todo o tipo de argúcias, não querem uma sociedade com memória, sã, livre e valente. (José Saramago, em 2010). Clique aqui para mais...

2 comentários:

Vellker disse...

Saramago era um bom escritor mas no terreno da ficção. Como ensaísta político lembra Pablo Neruda, que compôs um ode em louvor a Stálin como grande libertador dos povos.

Pinochet foi ditador sim e brutal mas de forma alguma deveria ter sido preso pela simples decisão de um juiz sobre o que aconteceu em outro território nacional.

Sem abandonar as investigações sobre Pinochet e desde 1998 investigando, o juiz Garzón ao que tudo indica a nenhuma conclusão chegou a não ser uma coleção de vagas e nebulosas acusações.

Pior ainda, com tão apegado amor à defesa dos povos estrangeiros, porque o juiz Garzón não investigou os crimes econômicos cometidos por grandes empresas espanholas como bancos e operadoras de telefonia espanhóis na América Latina desde a década de 90?

A presidência de grupos espanhóis como o Grupo Santander e a operadora Telefonica ficam bem perto do gabinete do juiz Garzón.

Mas aí, em todos esses anos parece que a distância foi maior do que até Londres onde ele conseguiu prender Pinochet.

Anônimo disse...

baltasar garzón real concedió conferencia en nueva york en 2006 con felipe gonzález márquez y henry kissinger........

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O Ministério Público que queremos e estamos edificando, pois, com férrea determinação e invulgar coragem, não é um Ministério Público acomodado à sombra das estruturas dominantes, acovardado, dócil e complacente com os poderosos, e intransigente e implacável somente com os fracos e débeis. Não é um Ministério Público burocrático, distante, insensível, fechado e recolhido em gabinetes refrigerados. Mas é um Ministério Público vibrante, desbravador, destemido, valente, valoroso, sensível aos movimentos, anseios e necessidades da nação brasileira. É um Ministério Público que caminha lado a lado com o cidadão pacato e honesto, misturando a nossa gente, auscultando os seus anseios, na busca incessante de Justiça Social. É um Ministério Público inflamado de uma ira santa, de uma rebeldia cívica, de uma cólera ética, contra todas as formas de opressão e de injustiça, contra a corrupção e a improbidade, contra os desmandos administrativos, contra a exclusão e a indigência. Um implacável protetor dos valores mais caros da sociedade brasileira. (GIACÓIA, Gilberto. Ministério Público Vocacionado. Revista Justitia, MPSP/APMP, n. 197, jul.-dez. 2007)