A vida só tem um sentido, e o único sentido que a vida tem é quando investimos nossa vida na vida dos outros, ou quando encarnamos a luta dos outros como se ela fosse nossa, a luta do coletivo. Esta é a lida do Promotor de Justiça: lutar pela construção contínua da cidadania e da justiça social. O compromisso primordial do Ministério Público é a transformação, com justiça, da realidade social.



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4 de março de 2011

Paradoxo


"(...) Os juízes têm amor à justiça: enfrentam diuturnamente com a espada da deusa Têmis o conflito entre a lei e o justo, tratam os opulentos com altivez e os indigentes com caridade. (...) Nesse mister, assemelhado às atividades sacras, cumpre ao juiz substituir o falso pelo verdadeiro, combater o farisaísmo, desmascarar a impostura, proteger os que padecem e reclamar a herança dos deserdados pela pátria.". (Luiz Fux, ministro do STF - "Nós, os juízes", in Folha de S. Paulo de 03.03.2011)

***

"De acordo com normas internas do Tribunal, a entrada no Plenário requer o uso de terno e gravata, para homens, e vestidos, tailleurs (saia abaixo do joelho e blazer), ou ternos (calça e blazer de manga comprida), para mulheres. Essa vestimenta será exigida dos profissionais que venham fazer a cobertura jornalística do evento. É proibida a entrada de pessoas calçando tênis e sandálias rasteiras, ou trajando qualquer tipo de roupa de tecido jeans". (Norma do STF relembrada para a posse de Luiz Fux aos convidados e jornalistas)

Quanta contradição! Não faz muito tempo, lembra?, um juiz do trabalho foi duramente - e corretamente - criticado por todos pelo fato de não ter deixado um trabalhador participar de uma audiência por que calçava chinelos tipo havaianas.

E essa norma do STF? Ninguém diz nada!

Foram distribuídos 4.000 convites para a posse do 11o ministro... Será que algum indigente ou deserdado da pátria foi convidado?

Isso não é democracia senão aristocracia pura e, o pior, num país que, segundo reza a CF, todo poder emana do povo!

Para o povo só restará uma coisa: arcar com os custos da cerimônia. Isso é certo!

Que o idealismo de sua excelência, o ministro Fux, faça eco nas paredes da Corte Suprema, tornando a teoria em prática, somando-se à aspiração do ministro Asfor Rocha dito alhures: "Meu maior desejo é ter uma Justiça brasileira que possa distribuir Justiça não como iguaria de festas, mas como o pão nosso de cada dia".

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Paradigma

O Ministério Público que queremos e estamos edificando, pois, com férrea determinação e invulgar coragem, não é um Ministério Público acomodado à sombra das estruturas dominantes, acovardado, dócil e complacente com os poderosos, e intransigente e implacável somente com os fracos e débeis. Não é um Ministério Público burocrático, distante, insensível, fechado e recolhido em gabinetes refrigerados. Mas é um Ministério Público vibrante, desbravador, destemido, valente, valoroso, sensível aos movimentos, anseios e necessidades da nação brasileira. É um Ministério Público que caminha lado a lado com o cidadão pacato e honesto, misturando a nossa gente, auscultando os seus anseios, na busca incessante de Justiça Social. É um Ministério Público inflamado de uma ira santa, de uma rebeldia cívica, de uma cólera ética, contra todas as formas de opressão e de injustiça, contra a corrupção e a improbidade, contra os desmandos administrativos, contra a exclusão e a indigência. Um implacável protetor dos valores mais caros da sociedade brasileira. (GIACÓIA, Gilberto. Ministério Público Vocacionado. Revista Justitia, MPSP/APMP, n. 197, jul.-dez. 2007)