A vida só tem um sentido, e o único sentido que a vida tem é quando investimos nossa vida na vida dos outros, ou quando encarnamos a luta dos outros como se ela fosse nossa, a luta do coletivo. Esta é a lida do Promotor de Justiça: lutar pela construção contínua da cidadania e da justiça social. O compromisso primordial do Ministério Público é a transformação, com justiça, da realidade social.



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19 de janeiro de 2011

Direitos


Até onde vão os nossos direitos -ou a falta deles? Esta é uma pergunta que me faço frequentemente. Sou uma cidadã, pago meus impostos e o que recebo em troca? Nada.

Aumentou minha indignação diante deste fato desde que me tornei empresária neste país, onde imperam a sonegação, a corrupção, a injustiça e a violência.

Fico imaginando o quanto o governo poderia fazer em prol do povo com os impostos que recebe. Mas não recebemos nada.

Não temos uma educação nem perto de razoável -às vezes acho que é uma estratégia do governo para que o povo não seja inteligente e crítico.

A saúde? Vemos todos os dias notícias de crianças e idosos morrendo por falta de atendimento. E como fica a dignidade dessas pessoas?

E a segurança? Ah, este é um caso a parte. Fico estarrecida vendo ladrões, traficantes e assassinos matando pais de família, roubando o que o trabalhador leva um mês inteiro para ganhar. A nós só resta rezar para não sermos os próximos.

Enquanto não existir lei que realmente funcione neste país, nada vai mudar.

E não espere que o governo vá mudar as leis por livre e espontânea vontade, porque isso não favorece os interesses internos. Enquanto o povo não lutar realmente pelos seus direitos, eles não vão existir verdadeiramente.

Por ANA PALADINO - Painel do Leitor, Jornal "A Folha de S. Paulo" de 20/11/2010.

Um comentário:

Vellker disse...

A leitora Ana Paladino retrata em suas palavras do ano passado a indignação que todo cidadão deve sentir para se considerar cidadão. Os que não sentem essa indignação são os privilegiados que amparados por todo tipo de leis injustas consideram-se tudo, menos cidadãos.

E porquê deveriam se considerar cidadãos? Cidadão na melhor acepção do termo é o que colabora na vida diária e cívica para uma nação cada vez melhor. As chamadas classes privilegiadas do Brasil colaboram todos os dias para uma nação cada vez pior.

Entenda-se por classe privilegiada a classe política e seus cumplíces, que criaram essas leis criminosas que permitem essas aberrações. Exemplos do dia? É só ler as reportagens dos jornais de hoje.

Em São José dos Campos, interior de SP, um delegado espancou um paraplégico em sua cadeira de rodas ao invadir a vaga de estacionamento para deficientes.

Em Alagoas os desabrigados da enchente do ano de 2010 enfrentam 60 graus de calor dentro de suas barracas. Mais previdentes, os desabrigados das enchentes de 1989 foram morar em um presídio abandonado onde estão há 22 anos.

Começa a cair no esquecimento o desvio de 500 milhões de reais na Fundação Nacional da Saúde que ocorre desde 2005, órgão gerido pelo PMDB, partido que apoiou Dilma Roussef para presidente e que além de cargos, ganha o esquecimento do crime.

Enquanto os sobreviventes das enchentes do Rio de Janeiro tentam refazer a vida, o governo tem planos de gastar 35 bilhões de reais no inútil trem bala para fazer figura para os dirigentes dos comitês da Copa do Mundo e das Olímpiadas, enquanto deixa a malha ferroviária, já sucateada, em abandono total.

Na leitura diária dos jornais encontrará a leitora Ana Paladino mais motivos para continuar escrevendo. Acima de tudo ela vai perceber que não adianta reclamar por direitos para uma estrutura política que sobrevive, prospera e enriquece única e exclusivamente negando direitos e que se encontra hoje no poder por conta de um desses acidentes históricos que infelicitam muitas nações.

Quanto ao povo lutar realmente por seus direitos, essa estrutura já percebeu esse perigo em 1997 quando votou a lei do desarmamento da população. Mas a história nos deixa o exemplo do povo francês, que mesmo desarmado fez a Revolução Francesa. Na época a mesma estrutura política que estava no poder terminou sem cabeças. Foi um acidente histórico também. Por aqui não vai ser diferente.

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Paradigma

O Ministério Público que queremos e estamos edificando, pois, com férrea determinação e invulgar coragem, não é um Ministério Público acomodado à sombra das estruturas dominantes, acovardado, dócil e complacente com os poderosos, e intransigente e implacável somente com os fracos e débeis. Não é um Ministério Público burocrático, distante, insensível, fechado e recolhido em gabinetes refrigerados. Mas é um Ministério Público vibrante, desbravador, destemido, valente, valoroso, sensível aos movimentos, anseios e necessidades da nação brasileira. É um Ministério Público que caminha lado a lado com o cidadão pacato e honesto, misturando a nossa gente, auscultando os seus anseios, na busca incessante de Justiça Social. É um Ministério Público inflamado de uma ira santa, de uma rebeldia cívica, de uma cólera ética, contra todas as formas de opressão e de injustiça, contra a corrupção e a improbidade, contra os desmandos administrativos, contra a exclusão e a indigência. Um implacável protetor dos valores mais caros da sociedade brasileira. (GIACÓIA, Gilberto. Ministério Público Vocacionado. Revista Justitia, MPSP/APMP, n. 197, jul.-dez. 2007)