A vida só tem um sentido, e o único sentido que a vida tem é quando investimos nossa vida na vida dos outros, ou quando encarnamos a luta dos outros como se ela fosse nossa, a luta do coletivo. Esta é a lida do Promotor de Justiça: lutar pela construção contínua da cidadania e da justiça social. O compromisso primordial do Ministério Público é a transformação, com justiça, da realidade social.



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23 de agosto de 2009

A ira de Gilmar Mendes

Não se pode admitir que o MP seja atacado de forma pouco isenta

É estarrecedor ouvir do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, ataques tão levianos contra uma instituição tão democrática. A quem interessa enfraquecer o Ministério Público brasileiro?

Sua Excelência, de forma injusta e generalizada, atribui ao Parquet, agora, a responsabilidade pela morosidade da justiça e ataca Promotores de Justiça e Procuradores da República que, no fiel exercício da sua função constitucional, ajuízam ações contra os malversadores do dinheiro público. Ao mesmo tempo, estranha e recentemente, teceu elogios aos Senadores da República, no auge da grave e triste crise que assola aquela Casa de Leis.

É importante que se diga que o MP sempre teve uma rica história, aperfeiçoada a partir da Constituição Federal de 88. Hoje, passados 20 anos, ao colocar em prática em favor da sociedade em geral a sua força constitucional, notadamente na proteção dos direitos sociais, em favor de crianças e adolescentes, da moralidade pública, do meio ambiente, da cidadania e dos portadores de necessidades especiais, do consumidor, agindo com força no combate a todas as formas de corrupção, à violência e ao crime, recebe do chefe da Corte Suprema a virulenta e injusta crítica de que é uma instituição parcial, fraca e partidária. E mais, que ela é a responsável pelos problemas da Justiça no País.

Ora, Sua Excelência, que nunca foi juiz de carreira, que responde a ação de improbidade administrativa, que teve muitos votos contrários no Senado Federal quando indicado ao STF, que serviu diretamente a um governo federal, que está diariamente na mídia e que age de forma a judicializar questões políticas no Brasil, pode, com isenção, destilar a sua ira contra uma instituição, repita-se, tão democrática como é o MP? Qual o seu propósito? Insiste-se: a quem interessa enfraquecer uma Instituição que tem a sublime missão de defender a sociedade e o regime democrático?

Na verdade, não se pode admitir – sem reagir – que o MP seja atacado, de forma antidemocrática, irada e pouco isenta, sem dados concretos, exatamente por quem tem o dever constitucional maior de respeitar as instituições democráticas e agir com bom senso e isenção.

Por Rui Schiefler, Promotor de Justiça em Santa Catarina, presidente da Associação Catarinense do Ministério Público – ACMP e secretário-geral da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público – CONAMP.

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Paradigma

O Ministério Público que queremos e estamos edificando, pois, com férrea determinação e invulgar coragem, não é um Ministério Público acomodado à sombra das estruturas dominantes, acovardado, dócil e complacente com os poderosos, e intransigente e implacável somente com os fracos e débeis. Não é um Ministério Público burocrático, distante, insensível, fechado e recolhido em gabinetes refrigerados. Mas é um Ministério Público vibrante, desbravador, destemido, valente, valoroso, sensível aos movimentos, anseios e necessidades da nação brasileira. É um Ministério Público que caminha lado a lado com o cidadão pacato e honesto, misturando a nossa gente, auscultando os seus anseios, na busca incessante de Justiça Social. É um Ministério Público inflamado de uma ira santa, de uma rebeldia cívica, de uma cólera ética, contra todas as formas de opressão e de injustiça, contra a corrupção e a improbidade, contra os desmandos administrativos, contra a exclusão e a indigência. Um implacável protetor dos valores mais caros da sociedade brasileira. (GIACÓIA, Gilberto. Ministério Público Vocacionado. Revista Justitia, MPSP/APMP, n. 197, jul.-dez. 2007)