A vida só tem um sentido, e o único sentido que a vida tem é quando investimos nossa vida na vida dos outros, ou quando encarnamos a luta dos outros como se ela fosse nossa, a luta do coletivo. Esta é a lida do Promotor de Justiça: lutar pela construção contínua da cidadania e da justiça social. O compromisso primordial do Ministério Público é a transformação, com justiça, da realidade social.



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11 de outubro de 2008

(IR)RECUPERÁVEL?

"Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda." (Paulo Freire)

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Adolescente afirma que "tomou gosto" por matar

O adolescente de 16 anos apontado pela Polícia Civil como o "maníaco da cruz" reconheceu em entrevista à Folha ter matado três pessoas e afirma não estar arrependido. Os homicídios ocorrem na cidade de Rio Brilhante (MS).

Os corpos das vítimas foram encontrados dispostos em forma de cruz, o que deu origem ao nome "maníaco da cruz".

De uma delegacia em Campo Grande, onde está detido desde anteontem, o rapaz disse, com voz calma e pausada, ter submetido suas vítimas -a quem chama de "falsos cristãos"-, a uma espécie de entrevista antes de matá-las. O garoto conta que fazia perguntas relacionadas à religião, à virgindade e à opção sexual das pessoas.A suspeita da polícia é de que o adolescente, que mora com a mãe e o padrasto, tenha alguma deficiência mental.

Em sua casa, foram encontrados pertences das vítimas, um canivete e luvas cirúrgicas com sangue. O rapaz se diz admirador de Francisco de Assis Pereira, que ficou conhecido como o "maníaco do parque", após ser condenado pela morte de seis mulheres na capital paulista em 1998.

Desde julho, os três homicídios assustaram os moradores da cidade de Rio Brilhante, que tem 26 mil habitantes e está localizada a 180 km de Campo Grande. A disposição dos corpos -de um homem, de uma mulher e de uma adolescente- levou a população a atribuir os crimes à mesma pessoa.

A delegada Maria de Lourdes Cano, responsável pela investigação das mortes, disse que, até a tarde de ontem, nenhum advogado havia se apresentado como representante do adolescente suspeito de ser o autor dos crimes em Rio Brilhante. Leia a entrevista do jovem à Folha:

FOLHA - Você matou as três pessoas?
ADOLESCENTE - Sim

FOLHA - Por que decidiu matá-las?
ADOLESCENTE - Pelo que elas me falavam. Elas respondiam a algumas perguntas, como qual a idade em que tinham perdido a virgindade, qual a opção sexual.

FOLHA - Quando passou pela sua cabeça pela primeira vez matar uma pessoa?
ADOLESCENTE - Eu não tinha saído com a intenção de matar a primeira vítima. Depois da primeira eu tomei gosto.

FOLHA - Por que então matou a primeira?
ADOLESCENTE - Ele se dizia cristão, mas era gay, por isso.

FOLHA - Os três corpos foram encontrados da mesma maneira, dispostos em formato de cruz. Por que você os deixou dessa forma?
ADOLESCENTE - Os três se diziam cristãos, falsos cristãos.

FOLHA - Você está arrependido?
ADOLESCENTE - Não.

FOLHA - A polícia encontrou uma lista em sua casa com alguns nomes. O que era?
ADOLESCENTE - Nomes de pessoas que tinha abordado na rua.

FOLHA - Em sua casa foram encontradas fotografias do "maníaco do parque". Qual o motivo de você guardá-las?
ADOLESCENTE - Eu queria superá-lo. Até a terceira morte eu queria superá-lo. Mas depois não quis mais, porque deu muita repercussão.

FOLHA - Você acompanhava a repercussão dos crimes na imprensa?
ADOLESCENTE - Sim, de alguma maneira falavam de mim.

FOLHA - Você estuda?
ADOLESCENTE - Estudava. Cursava o nono ano. Parei depois que matei a primeira vítima.

Fonte: Jornal "A Folha de S. Paulo" de 11/10/08.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tudo isso decorre do tratado de apologia e incitação ao crime, conhecido pelos assassinos mirins como "Estatuto da Criança e do Adolescente". Em uma reportagem foi mostrado que uma unidade de menores infratores tinha até mesmo churrasqueira e piscina. Ora essa, o sujeito sabe que é o famoso "de menor", nada lhe acontece se matar várias pessoas como esse adolescente fez. Será bem tratado, terá aconselhamento psicológico, não lhe será imputado crime algum, poderá dar um tapa na cara do juiz, um pontapé no promotor durante a audiência e fica tudo por isso mesmo. E se libertado quando ainda for "de menor" pode matar de novo, sem problemas. Afinal, até que ponto nossa sociedade se acovardou não imputando a esses tipos a pena de morte, sob uma suposta pose de "direitos humanos"? Entende-se que numa discussão, numa briga, num acontecimento infeliz, um adolescente provoque a morte de outro. Isso será levado em consideração num julgamento. Agora o "de menor" já sabendo da sua impunidade, premedita o crime, seqüestra, tortura, mata, se delicia com a repercussào do caso e ainda por cima dá entrevistas tranqüilo e tudo por causa do quê? Desse manual de crimes e impunidade que vem detalhado com instruções de uso ao menor criminoso e que chamam pomposamente de "Estatuto da Críança e do Adolescente". Voltando numa lembrança histórica e sem viés ideológico: União Soviética de 1938. Independente de ser "de menor", a partir dos 14 anos de idade, o criminoso, dependendo do crime, podia ser condenado à morte. Geralmente era executado uma semana depois de proferida a sentença. Brasil de 2008. O "de menor" tortura e mata e se der sorte, ainda tem churrasqueira e piscina em sua unidade prisional e uma psicóloga bonitinha para lhe dar aconselhamento, talvez sobre como lidar com o "remorso" depois de fazer tudo isso. Agora pensemos: se ele tivesse matado algum parente do Fernandinho Beira-Mar ainda estaria dando entrevistas? Eu duvido.

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O Ministério Público que queremos e estamos edificando, pois, com férrea determinação e invulgar coragem, não é um Ministério Público acomodado à sombra das estruturas dominantes, acovardado, dócil e complacente com os poderosos, e intransigente e implacável somente com os fracos e débeis. Não é um Ministério Público burocrático, distante, insensível, fechado e recolhido em gabinetes refrigerados. Mas é um Ministério Público vibrante, desbravador, destemido, valente, valoroso, sensível aos movimentos, anseios e necessidades da nação brasileira. É um Ministério Público que caminha lado a lado com o cidadão pacato e honesto, misturando a nossa gente, auscultando os seus anseios, na busca incessante de Justiça Social. É um Ministério Público inflamado de uma ira santa, de uma rebeldia cívica, de uma cólera ética, contra todas as formas de opressão e de injustiça, contra a corrupção e a improbidade, contra os desmandos administrativos, contra a exclusão e a indigência. Um implacável protetor dos valores mais caros da sociedade brasileira. (GIACÓIA, Gilberto. Ministério Público Vocacionado. Revista Justitia, MPSP/APMP, n. 197, jul.-dez. 2007)