A vida só tem um sentido, e o único sentido que a vida tem é quando investimos nossa vida na vida dos outros, ou quando encarnamos a luta dos outros como se ela fosse nossa, a luta do coletivo. Esta é a lida do Promotor de Justiça: lutar pela construção contínua da cidadania e da justiça social. O compromisso primordial do Ministério Público é a transformação, com justiça, da realidade social.



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9 de setembro de 2010

Larápio


L.A.R. Appius foi ou não foi o primeiro larápio?

Um velho livro sobre casos pitorescos da língua portuguesa, chamado “Frases e curiosidades latinas”, de Arthur Rezende, conta esta historinha saborosa sobre o termo larápio – que, como se sabe, é sinônimo de ladrão, gatuno:

Houve em Roma um pretor que dava sentenças favoráveis a quem melhor pagava. Chamava-se ele Lucius Antonius Rufus Appius. Sua rubrica era L.A.R. Appius. Daí chamar-lhe o povo larappius, nome que ficou sinônimo de gatuno.

Será verdade? Ou apenas mais um daqueles casos de etimologia romântica, em que teses engraçadinhas mas sem consistência histórica circulam de boca em boca e muitas vezes vão parar em livros de divulgação, o que impulsiona ainda mais o boca a boca e assim por diante?

A história do pretor corrupto tem a maior pinta de lenda etimológica. Isso não a impediu de ganhar abrigo no dicionário de um filólogo brasileiro de prestígio, Antenor Nascentes. Embora, preocupado em não se comprometer, Nascentes tenha acrescentado ao verbete aquele famoso bordão italiano – “Se non è vero…” –, sua liberalidade lhe valeu críticas duras do português José Pedro Machado e do compatriota Silveira Bueno.

O problema é que, como ocorre muitas vezes, o caminho do rigor científico pode deixar os etimologistas de mãos vazias. Certo, fica combinado que o pretor L.A.R. Appius é uma invenção da cultura popular, mas qual será então a origem de larápio, termo registrado pela primeira vez em português em 1812? Ninguém tem a menor ideia. Casos desse tipo, arquivados na pasta “origem obscura”, têm tudo para continuar capturando a imaginação do público.

2 comentários:

David Cizino Baracho disse...

Lembrei-me de um caso recente em que o CNJ puniu o Ministro Paulo Medina com aposentadoria compulsória. Medina está sendo acusado de receber propipa por ter favorecido os donos de máquinas caça níqueis, a quem teria "vendido" decisões. Qualquer semelhança com a história acima é mera coincidência, cabendo lembrar que ainda não houve trânsito em julgado em relação ao processo-crime a que responde perante o STF. Portanto, o i. Ministro ainda é presumivelmente inocente.
Um grande abraço e até a próxima.

Blog do João Maria andarilho utópico disse...

E qual a diferença.Você diz que também não sabe. E diz que é invenção, de onde você pode afirmar isto.

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Paradigma

O Ministério Público que queremos e estamos edificando, pois, com férrea determinação e invulgar coragem, não é um Ministério Público acomodado à sombra das estruturas dominantes, acovardado, dócil e complacente com os poderosos, e intransigente e implacável somente com os fracos e débeis. Não é um Ministério Público burocrático, distante, insensível, fechado e recolhido em gabinetes refrigerados. Mas é um Ministério Público vibrante, desbravador, destemido, valente, valoroso, sensível aos movimentos, anseios e necessidades da nação brasileira. É um Ministério Público que caminha lado a lado com o cidadão pacato e honesto, misturando a nossa gente, auscultando os seus anseios, na busca incessante de Justiça Social. É um Ministério Público inflamado de uma ira santa, de uma rebeldia cívica, de uma cólera ética, contra todas as formas de opressão e de injustiça, contra a corrupção e a improbidade, contra os desmandos administrativos, contra a exclusão e a indigência. Um implacável protetor dos valores mais caros da sociedade brasileira. (GIACÓIA, Gilberto. Ministério Público Vocacionado. Revista Justitia, MPSP/APMP, n. 197, jul.-dez. 2007)