A vida só tem um sentido, e o único sentido que a vida tem é quando investimos nossa vida na vida dos outros, ou quando encarnamos a luta dos outros como se ela fosse nossa, a luta do coletivo. Esta é a lida do Promotor de Justiça: lutar pela construção contínua da cidadania e da justiça social. O compromisso primordial do Ministério Público é a transformação, com justiça, da realidade social.



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26 de agosto de 2008

Este é o Brasil!


Secretaria abre sindicância para apurar a entrada de lagosta e salmão no presídio Bangu 8

Rio - A Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) abriu sindicância para apurar denúncias de que presos da Penitenciária Pedrolino Werling de Oliveira (Bangu 8) estariam usufruindo de pequenos luxos. O ex-banqueiro Salvatore Cacciola, 64 anos, por exemplo, não estaria compartilhando do cardápio da prisão com seus companheiros. Ele teria comido lagosta e salmão encomendados em um restaurante da Barra da Tijuca, como revelava embrulho das quentinhas que chegaram ao presídio.

A Seap investiga se Cacciola saboreou os pratos em dias de visita — segundas e sextas-feiras —, quando a comida poderia ter sido levada por parentes ou se fez as refeições nos demais dias da semana, o que poderia evidenciar a corrupção de agentes, segundo o secretário de Administração Penitenciária, coronel Cesar Rubens Monteiro de Carvalho.

“Isso é possível. Os presos em Bangu 8 têm alto poder aquisitivo e, como estão presos, gastam pouco. Então podem passar a gastar muito em poucas coisas para obter os luxos que tinham antes. Comer uma lagosta não é um grande problema. O problema é se tiver a conivência de inspetores. Caso contrário, vejo apenas como uma afronta aos outros outros presos”, disse o secretário.

Há uma semana, durante vistoria, agentes encontraram R$ 10 mil, em uma das celas. O coronel Cesar Rubens explicou que cada preso pode receber, por semana, R$ 100 de parentes para suprir necessidades especiais, como a compra de medicação. Só a lagosta comprada para Cacciola custa R$ 116 e o salmão, R$ 60.

Em Bangu 8 estão, além de Cacciola, o ex-deputado estadual Álvaro Lins, o deputado estadual Natalino Guimarães (DEM) e seu irmão, o vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho (PMDB), o ex-chefe da Polícia Civil Ricardo Hallack, inspetores de polícia, PMs, bombeiros, acusados de integrar milícias e presos com curso superior.

Na vistoria, agentes encontraram ainda três telefones, um radiotransmissor e um aparelho de MP-3.

O abatimento de Álvaro Lins

Desde quarta-feira, quando chegou em Bangu 8, o ex-deputado e ex-chefe de polícia, Álvaro Lins, tem se mostrado deprimido. Lins já se apresentou à Polinter com os cabelos cortados para não ter que raspá-los e está numa cela com outros sete presos — todos policiais, entre eles os inspetores de polícia conhecidos como ‘inhos’. A Seap optou por colocar o ex-parlamentar numa cela distante de seu desafeto, o contraventor Fernando Ignácio, cuja prisão foi articulada por Lins. Mas a convivência é inevitável no banho de sol e na sala de TV coletiva.

Fonte: Por Maria Mazzei - Jornal "O Dia" de 26/08/08.

Um comentário:

Anônimo disse...

Interessante que tudo isto hoje seja visto como normal e não como anormal. Independente da análise do sistema ideológico, porque nas prisões soviéticas nada disso acontecia? Era um regime brutal? Era, mas até mesmo um caderno de anotações era um enorme privilégio para os detentos. Enquanto isso, na democrática Alemanha Ocidental, os internos em presídios de segurança máxima tinham todos os passos vigiados. Tanto no totalitário quando no libertário existia uma coisa: o senso de dever e a certeza de punição garantida e rigorosa no descumprimento desse dever. É só do que precisamos por aqui.

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