A vida só tem um sentido, e o único sentido que a vida tem é quando investimos nossa vida na vida dos outros, ou quando encarnamos a luta dos outros como se ela fosse nossa, a luta do coletivo. Esta é a lida do Promotor de Justiça: lutar pela construção contínua da cidadania e da justiça social. O compromisso primordial do Ministério Público é a transformação, com justiça, da realidade social.



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25 de outubro de 2007

FGV expõe a poderosa tropa dos narizes de elite


Levantamento feito pela FGV a partir de dados coletados pelo IBGE comprova algo de que já se suspeitava: o personagem que se esconde atrás da indústria das drogas e da violência é mesmo o grande nariz. Milhares de narizes. Chiques. Bem-nascidos. Instruídos. Uma verdadeira tropa de elite.

Constatou-se que a maioria dos usuários de drogas do Brasil (62%) pertence à classe A (renda familiar de mais de R$ 9,5 mil), tem a pele branca (85%), é do sexo masculino (99%) e tem idade entre 20 e 29 anos (50,7%).

"A pesquisa está totalmente consistente com o filme 'Tropa de Elite'. Não foi à toa que houve muita polêmica”, disse o economista Marcelo Neri, responsável pelo levantamento. “A nossa pesquisa poderia se chamar droga de elite porque quem consome drogas no Brasil é um jovem de elite."

De fato, o maior mérito do memorável filme Tropa de Elite talvez tenha sido o de dar visibilidade a um dos personagens centrais da trama que conduz à violência: o grande nariz. O crime diversificou os seus negócios no país. Possui ramificações até no roubo de cargas. Mas a base de tudo continua sendo o comércio de drogas. Vende-se maconha e cocaína porque há no mercado quem se disponha a puxar uma e cheirar a outra em grandes quantidades.

Cocaína é coisa cara. A sobrevivência do negócio teria vida curta se não estivesse escorado num consumidor de elite. Deseja-se combater o tráfico, mas tolera-se o consumo da droga. Fala-se em Marcola, em Fernandinho Beira-Mar, mas arma-se uma barreira de silêncio em torno do grande nariz. É ele quem sustenta o tráfico. É ele quem paga o suborno à polícia. É ele quem financia a guerra urbana.

E qual é a razão para tanto silêncio? Simples: o nariz invisível não é mencionado porque, se fosse, nem haveria investigação. Ele é empinado demais para ser exposto em boletins policiais. Só aparece na ficção cada vez mais real do cinema. Só dá as caras nas pesquisas que o transformam em mera estatística sem nome.

Escrito por Josias de Souza - http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/

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