29 de julho de 2010

A presença da ausência


Para todos os pais e mães que tiveram a desgraça e a dilacerante dor de perderem um(a) filho(a) assassinado(a), neste país em que a vida é desvalorizada por força da impunidade (pena que dá pena) garantida aos homicidas, que, arvorando-se na condição de Deus, deram cabo à existência de um ser humano, interrompendo sonhos, sentimentos, projetos...


PEDAÇO DE MIM

(Chico Buarque)

Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar

Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais

Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu

Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi

Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Lava os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus

Fonte: www.promotordejustica.blogspot.com

Um comentário:

  1. Caro César Danilo,
    Simplesmente...belíssima inserção.
    Aliás, essa impunidade, essa onda de conivências à supressão de vidas por criminosos, está a encaminhar nossa vida - em sociedade- para aonde?
    Fiz breve digressão, hoje (29.7.10), em meu blog www.considerandobem.blogspot.com, sob o título "Garantismo...só pra quem comete crime?Valha!"
    É um suspiro indignado, em meio as absurdas decisões que estão a privilegiar criminosos, esquecendo-se das 'pessoas de bem'.
    Abraço
    Fernando Zaupa
    www.considerandobem.blogspot.com

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