
"Entra ano, sai ano, e o Brasil dos poderosos segue sendo movido pelos piores e mais nefastos combustíveis que energizam a vida pública: a corrupção, a violência, o favorecimento, o corporativismo, a roubalheira, a falta de ética, o desrespeito às leis e a impunidade.
Agregado a tudo isso, a omissão e a leniência do eleitor, associadas à pirotecnia promovida pelos governos, aos absurdos gastos com propaganda e aos discursos vazios e populistas, só tendem a perenizar todo esse processo, que acaba levando uma grande nação a ser literalmente dominada por famílias, feudos e oligarquias, tanto de caráter privado como público.
A pergunta que fica: até quando?
De qualquer maneira, desejo um feliz ano novo, com muita paz e alegria, para o Brasil e os brasileiros, para todos aqueles que ainda acreditam num país melhor, que trabalham duro e honestamente, que lutam com o objetivo de ir ao encontro do desenvolvimento e do crescimento, da igualdade e da justiça e, principalmente, da liberdade e da democracia.
Por outro lado, sem nenhum remorso, desejo um infeliz ano novo a todos os que insistem em beneficiar-se em detrimento de um povo e de um país, utilizando dos mais reprováveis e desonestos artifícios para obter vantagens pessoais." (DAVID NETO)
Fonte: Jornal "A Folha de S. Paulo" (Seção "Painel do Leitor") de 17/12/2009.
O cronista David Neto escreve de uma forma bem direta ao desejar esse ano infeliz aos que fazem a nação brasileira infeliz há muito tempo.
ResponderExcluirPorém, tendo em vista o que é feito com o povo, somente um ano infeliz é apenas um transtorno passageiro. Chegamos em um daqueles momentos históricos onde o ano, para gente assim, tem que ser o último.
Robespierre, o mais radical da revolução Francesa era temido pelo uso que fazia da guilhotina contra os que ele julgava inimigos da nação francesa. Tivesse Robespierre desencadeado essa revolução no Brasil, com certeza ele seria mais fervoroso e trabalharia bem mais por esses trópicos brasileiros.
Quanto ao eleitor ele não é leniente nem omisso. Apenas está numa situação de absoluta impotência, sem saída, participando a cada período eleitoral de um ritual de hipocrisia e pilhagem, onde ele é a vítima, uma espécie de refém político, de vítima social.
E que no seu devido tempo, tomando consciência de sua situação numa escala nacional, mas com uma idéia mobilizadora, derrubará esse poder corrompido, do qual por ora é refém.
O cronista e seus leitores verão que entre desejar um ano infeliz sem remorso ou uma guilhotina não vai muita diferença. Apenas decisão.
Entre sonhos e utopias.
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